Adubação Orgânica
Detalhe Bougainville acervo Rock Jr.
Trata-se de um metodo de adubação, que exclui totalmente o uso de fertilizantes sintéticos, agrotóxicos não-orgânicos e produtos reguladores de crescimento, tem como base a preservação e manutenção da micro biologia do substrato que por sua vez, disponibilizam os nutrientes e minerais de maneira natural às plantas. Inspirada em métodos de agricultura orgânica como a Permacultura, Agricultura Sintrópica , agricultura biodinâmica entre outras (vide abaixo)
que propõem uma mudança de paradigma fundamentado na troca do modelo cartesiano de causa-efeito pelas ciências da vida, pelo sistema natural, respeito e coexistência limpa.
A expressão "agricultura orgânica" tornou-se reconhecida como sinônimo de "agricultura mais perto da natureza". Com o surgimento de vários métodos de agricultura pelo mundo pode-se dizer que se trata mais de uma ideologia do que de um conjunto de técnicas agrícolas. Segue uma relação de alguns desses que muito contribuíram para estarmos aqui compartilhando esse ponto de vista:
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Agriculturas orgânica e biológica: baseadas nas observações de S. Albert Howard, no começo do sec XX, dos métodos de agricultores indianos que tinham como base a teoria que a sanidade vegetal depende de elementos do solo, que so se produzem na presença dos micro-organismos.
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Agricultura biodinâmica: nascida das ideias de Rudolf Steiner em 1920 . que propunha a sanidade vegetal dependente de sua inserção na "matriz energética universal".
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Agricultura Natural: proposta por Mokiti Okada (1935), fundador da Igreja messiânica. Que propunha a reciclagem, que imita os processos da natureza, como a base da sanidade vegetal e animal e consequentemente a base da sanidade humana.
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Permacultura: desenvolvida em 1975 na Austrália por Bil Mollison . Reúne técnicas tradicionais de vários povos indígenas já extintos, e une-as à integração com a ecologia local, e a ecologia humana.
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Agricultura Nasseriana: é uma corrente da agricultura ecológica que tem, como idealizador Nasser Youssef Nasr no Espirito Santo, no Brasil. Também conhecida como "biotecnologia tropical", defende o estímulo e manejo de ervas nativas e exoticas, a diversidade de insetos e plantas, a aplicação direta de estercos e resíduos orgânicos na base das plantas e os micro-organismos buscam os nutrientes necessários para a planta e os levam para baixo do substrato. Outro ponto interessante é o uso de ervas nativas e exóticas junto com a cultura para que haja diversidade de inços. Sendo preciso o manejo das ervas nativas de maneira que elas mantenham o solo protegido e façam adubação verde.
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Agricultura Sintrópica é um modelo desenvolvido por Ernst Götsch, no qual os processos naturais são traduzidos para as práticas agrícolas tanto em sua forma, quanto em sua função e dinâmica. A regeneração pelo uso, uma vez que o estabelecimento de áreas agrícolas altamente produtivas, e que tendem à independência de insumos e irrigação, tem como consequência a oferta de serviços ecossistêmicos, com especial destaque para a formação de solo, a regulação do microclima e o favorecimento do ciclo da água. Ou seja, o plantio agrícola é concomitante à regeneração de ecossistemas. Suas ideias se fundamentam na ética de Kant e atravessa a física, a filosofia grega e a matemática. Ele também se apoia na biologia, química, ecologia e botânica, e se abastece da cena tecnológica do momento, adaptando técnicas e ferramentas de outras áreas. Portanto, a agricultura de Ernst Götsch se vale de um encadeamento coerente e sistemático de dados, livre de contradições internas, que não somente percorre uma narrativa lógica como também inclui uma expressão concreta no fim do caminho. Do planejamento à execução do plantio, há método, e há resultado prático.
No cultivo do bonsai, podemos afirmar que a adubação orgânica remota dos tempos da sua origem, uma vez que naquela época os químicos ainda não existiam e a adaptação das correntes citadas acima ao nosso cultivo consiste em uma serie de cuidados que vão desde a escolha do substrato que precisa ser aerado e bem drenado para favorecer o desenvolvimento da sua microbiologia, ao uso rotineiro de fermentados (Bokashis) e dos Microorganismos eficazes (EM4, EM5) adicionados a Rega ou por meio de sólidos colocados na superfície do vaso. E nada mais é de que o resgate de uma pratica antiga, eficiente, acessível e limpa.
Caliandra spinosa acervo Cristiano Couto trab> Rock Jr.
Microrganismos eficazes:
EM(efficient microorganisms, em inglês) ou Embiotic são um conjunto de microrganismos que vivem no solo naturalmente fértil. São mais de 10 gêneros e 80 espécies de microrganismos chamados de eficazes, pois atuam fazendo com que tenham a sua capacidade natural otimizada. São constituídos, basicamente, por fungos, leveduras, actiomicetos, bactérias produtoras de ácido lático e bactérias foto-sintetizantes.
Colônia de micro organismos na serapilheira (folhas)
A introdução de EM no substrato promove uma melhora considerável nas propriedade físicas, químicas e biológicas pois são regenerativos, e produzem substâncias orgânicas úteis às plantas como enzimas, aminoácidos, ácidos nucléicos, etc ..., e ainda, no seu metabolismo secundário podem produzir hormônios e vitaminas promovendo novamente o equilíbrio da vida do solo.
EMs no bokashi
Alguns benefícios trazidos
pelos EMs:
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melhoram a capacidade fotossintética das plantas;
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aumentam a eficácia das matérias orgânicas como fertilizantes;
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melhoram os aspectos físico, químico e biológico do solo;
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eliminam doenças e patógenos do solo;
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fermentam matéria orgânica ao contrário de deteriorá-la. Dessa forma qualquer tipo de matéria orgânica pode ser usada para fazer composto com EM pois não há produção de odores ofensivos;
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decompõem matéria orgânica rapidamente;
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facilitam a liberação de quantidades maiores de nutrientes para as plantas.
Bokashi
De origem oriental, em japonês, seu nome tem dois significados: "diluir ou dissolver" e também "composto orgânico". É resultado da fermentação de produtos de origem vegetal ou animal. Pode ser feito de varias formas e na sua maioria é composto de farinhas de osso, peixe ou sangue (origem animal), além de tortas de mamona, algodão, bagaço de cana e outros componentes de origem vegetal e ate mesmo de algas (que não é planta,
nem animal; são do reino protista) . A fermentação desses compostos é potencializada com o uso dos micro-organismos eficientes (EM) .
Hoje em dia é fácil encontrar inúmeras receitas para fazer o Bokashi, basta uma rápida pesquisa na internet mas, para uso em pequenas quantidades, vale o investimento no adubo já pronto que pode ser encontrado em pó, peletizado e líquido.
Colônia EMs no substrato de um Bonsai de jabuticabeira
Pode ser considerada uma verdadeira ferramenta no nosso trabalho, pois além de garantir a saúde da árvore, nos permite, quando usada adequadamente, alcançar com maior eficiência nossos objetivos estéticos. Tanto as árvores quanto o Bonsai têm diferentes necessidades de nutrientes para cada estação, estágio de desenvolvimento e espécie. Partindo desse princípio, e com o uso do bom senso, precisamos adequar a nossa adubação a essas diferentes demandas.
Colônia EMs no bokashi em um bonsai de Ficus
Arvores nas fazes iniciais da fomação recebem uma carga maior de adubos, que ainda podem conter ingredientes com maior quantidade de nitrogênio disponível (cama de galinha e borra de café, por exemplo). Enquanto que arvores já estruturadas e em refinamento demandam uma carga menor e com fermentados com baixo nitrogênio, dando preferencia para os Bokashis líquidos e o EM4.
Vale lembrar...
No cultivo e pratica do bonsai no Brasil, hoje em dia o uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos é tratado com banalidade e como um procedimento normal, compartilhado em lives e posts como se fossem inofensivos. Mas não são, pelo contrário, são altamente poluentes e adoecem suas plantas. Para terem uma ideia do que estamos falando segue uma pequena mostra sua verdadeira face:
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Sempre que algum fertilizante a base de sais minerais for utilizado, uma parte é rapidamente absorvida pelas raízes das plantas causando expansão celular (as membranas celulares ficam mais finas) e fazendo com que aumente muito seu teor de água. Isso as torna um “atrativo” para as pragas e doenças, além de serem menos saborosas e terem o seu teor nutritivo empobrecido.
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Outra parte é lixiviada, levada pelas águas das chuvas e irrigações, indo poluir rios, lagoas e lençóis freáticos, acabando por causar, juntamente com os despejos de esgotos, a eutrofização – morte de um rio ou lago por asfixia, pois os excessivos nutrientes, além de estimularem um grande crescimento das algas que roubam o oxigênio da água.
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Uma terceira parte se evapora, como no caso dos adubos nitrogenados (sulfato de amônio por exemplo), que sob a forma de óxido nitroso, assim como ocorre com os fluocarbonetos de aerossol, destroi a camada de ozônio da atmosfera.
Vários tipos de fertilizantes químicos, geralmente os mais usados, são violentos acidificadores do solo, além de serem biocidas (destruidores da microvida do terreno).
A utilização dos adubos químicos, dos agrotóxicos e das sementes híbridas forma um círculo vicioso interessante apenas para as multinacionais da agroindústria.
As sementes chamadas melhoradas necessitam de muito mais adubação para ficar gigantes. A utilização do adubo torna as plantas mais fracas e mais suscetíveis ao ataque de pragas e doenças. E cada vez tem-se de utilizar mais e mais adubos e venenos para manter o nível desejável de produção.
O uso de adubos químicos faz com que os aminoácidos (proteínas) se apresentem em forma livre, ao contrário da adubação orgânica na qual os aminoácidos formam cadeias complexas, o que não atrai pragas.
As informações estão ai, e junto deixo uma sugestão, pesquisem, estudem e me digam o que realmente vale a pena... Pode parecer que não, que usando na sua casa é tao pouco que não vai afetar nada, mas não se enganem, somos milhões de pessoas e se cada uma mudar sua atitude podemos mudar esse quadro da quantidade de lixo que jogamos na natureza. Porque sinceramente, depois de anos de estudo e pratica, são mais 6 anos depois que migrei totalmente para os orgânicos, a conclusão que cheguei é que os fertilizantes químicos e agrotóxicos não passam de simples e puro lixo.
Colônia micro-organismos em tronco de uma palmeira em decomposição